quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Prós e contra de NY numa perspectiva de gaja

Em primeiro lugar cabe-me agradecer a honra de poder escrever neste recanto de parvoíce e reflexão. Espero conseguir, ou não, ser parva o suficiente para fazer jus à concessão que me foi dada.

Segundo o meu parvo preferido, este texto e esta publicação devem servir como rampa de lançamento e motivação para o meu projecto a solo, esse sim, nada parvo. Que isto de ser parvo tem as suas limitações e é só para alguns!

Ora bem, por esta altura, já terão ouvido ou lido, pois desde que existe a blogosfera cada vez se lê mais e ouve menos, os relatos de Nova Iorque e os seus prós e contras, na perspectiva de uma espécie do sexo masculino. Pois bem, para que a vossa percepção e análise não fique enviesada, vou-vos dar o relato do sexo oposto.

Começando pela opinião geral - Ninguém deveria passar a sua vida sem vir a Nova Iorque, e a avaliar pelo que vi, pelo menos duas vezes! Até à data de hoje não conheci ninguém que tenha cá vindo que e tenha gostado, ou sequer gostado apenas um pouco, a opinião é unânime e todos adoram.

Já viver aqui, talvez seja algo diferente. Por um período sim, mas não por uma vida, as razões encontrá-las-ão nos contras. Sem dúvida é uma cidade para visitar, e muito!

Começando pelos prós, iniciando o meu processo de optimismo de 2013:


Variedade e diversidade a todos os níveis - Uma das coisas que mais me impressionou é a facilidade com que NY e os seus milhares de lugares nos transportam para outras cidades e países, numa questão de segundos. Estamos na rua, à frente de um Bistro, e sentimo-nos em NY, mas assim que entramos parece que nos teletransportamos para Paris! Julgo que poucas cidades no mundo têm a capacidade de fazer isso. E assim sucede também com os vários bairros étnicos da cidade, e com tantas outras coisas.

História - Sempre me agarrei à ideia pré-concebida de que os EUA não têm história, mas quanto mais viajo por aqui mais me apercebo que há pouco de verdade aí. A história de um país ou de uma cidade não tem necessariamente que ser milenar e nem isso faz dos países ou das cidades, locais mais interessantes. NY está carregada de marcos históricos, alguns trágicos, como o World Trade Center, agora convertido em Memorial, que servem para nos lembrar o que de pior há no mundo e ensinarmos às gerações vindouras que há pessoas capazes de destruir e praticar o mal tão eficazmente que assusta, sendo necessário unir-nos para nos defendermos dessas pessoas. Foi em NY que assisti a uma criança perguntar perplexa à sua mãe "quem fez isto tão horrível?" ao que a mãe respondeu "bad people, who also exist in the world son". Já quanto à segunda pergunta, "why?", a mãe não conseguiu responder. Na realidade acho que ninguém consegue e foi uma das maiores angústias que senti em NY, mas que nos ensina. Ou seja, a história não se faz só de conquistas fenícias, de expansão romana ou de odisséias marítimas, a história fazêmo-la nós todos os dias.
A facilidade de movimentação. Caminhando alguns quarteirões chegamos a todo o lado e visitamos tudo. Claro que o alguns são muitos, mas ainda bem, porque com o que se come por ali, bem precisamos de andar.
Isto leva-nos para mais um pró, a qualidade da comida. É cara, e não há quase nada barato, com excepção dos hot-dogs da rua, mas esses estão cheios de monóxido de carbono dos geradores das roulotes, mas come-se muito muito bem, e de tudo. As minhas refeições preferidas foram os pequenos-almoços, sobretudo se incluir os ovos bennedict, tipicamente nova-iorquinos. Que me desculpem os senhores do H3, que detêm em Portugal os melhores hamburgueres na versão healthy fast food, mas depois de um bennedict em NY, os vossos ficam apenas com a designação de escalfados!

Tive algumas das melhores "refeições" da minha vida em NY: o melhor hambúrguer (Shake Shack), o melhor leitão (Aldea, do chefe luso americano George Mendes, que conquistou uma estrela Michelin), o melhor brunch (230th rooftop bar), melhor salada (Fig & Olive), melhor laywer cake (Little Cupcake Bakeshop), melhor sobremesa (Buddakhan), e poderia continuar até ao bacon do Craker Barrell and so on. É verdade que não existe comida típica nova-iorquina (talvez os hot-dog tenham sido inventados cá), mas tudo o que se come por aqui é bom. Aqui a sociedade do consumo funciona de uma maneira tão eficaz que se encarrega de eliminar o que não é bom ou apenas medíocre. O consumidor agradece. Embora nos contras irão encontrar o reverso da medalha no que respeita aos sítios muito bons.

Lojas, lojas, lojas e mais lojas. E quando pensamos que já acabou, vêm mais. Aqui, um pouco ao contrário da comida, há de tudo, e para todas as carteiras.
E quando pensamos que já acabámos e a carteira já foi demasiado espoliada, dizem-nos "vamos aos outlets que está tudo ainda mais barato por ser saldos".

Impostos baixos, que fazem com que um produto vindo da Europa possa ser mais barato cá. Este ponto deixou-me a pensar na estupidez que temos vindo a fazer no nosso querido Portugal, ao subir subir os impostos sobre o consumo, como que ignorando as leis econômicas, mas talvez seja melhor não ir por aí agora, já que estamos distraídos com NY.

Melhor merchandising do mundo. Tudo consegue ser transformado num produto excepcional e que dá vontade de comprar imediatamente. A loja da M&Ms é um exemplo, mas encontramos tantos outros que comprovam realmente que há oportunidade para se vender tudo.

Tudo pode ser reservado online, desde a simples mesa num restaurante, às entradas no 9/11 Memorial, aos museus, City Passes, etc. Acreditem que isto facilita imenso, sobretudo se estivermos a falar dos locais mais visitados ou requisitados.

24 sobre 24 - obviamente que a cidade e as pessoas dormem, e muito, mas a razão pela qual se diz que é a cidade que nunca dorme é porque realmente se pode fazer tudo 24 horas por dia, comer fora, ir às compras, ir ao ginásio, cortar o cabelo, arranjar as unhas. É deveras impressionante!

Passemos então aos contras
Chegada ao aeroporto vindo de um vôo internacional. A primeira fila de todas, e mais desesperante. Ninguém é muito simpático e olham para ti como potencial terrorista. Compreende-se depois do que passou, mas infelizmente, todos sabemos que não é com a atitude xenofoba que se vai impedir atentados.
As outras Filas. Sendo das cidades mais visitadas no mundo, há filas para tudo o que é lugar turístico. Felizmente aprendemos logo no primeiro dia e demos a volta à situação com o despertador a tocar de madrugada para estarmos às 8 em ponto nos locais e sermos os primeiros a entrar, e começamos a utilizar mais a internet para fazer reservas.
Mas há filas que não se conseguem evitar, e quando os locais estão na moda porque saiu um review no Times o na Time Out, ou porque apareceu num episódio do Sex and the City, é para esquecer. Tentámos ir ao Shake Shack na Broadway e havia mais fila que para o Centro de Emprego, tentámos comprar um Cupcake na Magnolia Bakery e mesmo com 8 graus negativos, as pessoas esperavam à porta para entrar. O Top of the Rock só com City Pass e reserva prévia. No MoMa, fomos valentes e acabamos no final da fila do outro lado do quarteirão, com centenas de pessoas à frente. Já para ver o Grito de Munch, não fomos tão valentes, pois teríamos que arranjar um problema diplomático com alguns países asiáticos, já que todos os japoneses, chineses e coreanos queriam tirar 50 fotografias de todas as perspectivas possíveis, enquanto nós, só conseguimos a lateral e muito pouco visível.

Trocos. Este é sim um problema grave. Se forem a NY, entrem num banco e troquem uns quantos USD por moedas de 25 cents. Não será fácil já que estas são as moedas mais desejadas, chamadas quarters, pois servem para tudo, carrinhos de supermercado, lavandarias, metro, etc etc etc. Mas caso não consigam estas preciosidades, os senhores taxistas e a maioria dos restaurantes vão sempre fazer um arredondamento simpático de 50 cents. Há taxistas que até andam mais uns 2 metros só para ver se aquilo passa dos 10 para os 10,50 e eles receberem na realidade mais 1 USD.

Simpatia. Esta não é uma característica dos nova-iorquinos e sente-se em todas as partes, sobretudo nos monumentos. Às tantas parecia que nos tínhamos alistado no exército, tal eram os decibeis com que gritavam: MOVE FORWARD PEOPLE!!!!
A disposição para ajudar também é pouca. Felizmente, a cidade está cheia de latino americanos, e esses sim compensam a falta de simpatia e disposição dos nova-iorquinos.

Segurança. Em excesso em todas as partes. Claro que é bom sentirmo-nos seguros, mas em pleno inverno ter que tirar gorro, luvas, casaco, cintos. Tudo e mais alguma coisa, para termos a vista do central Park, custa um bocadinho. O que me faz acreditar que talvez a coisa seja mais fácil no verão.
Arrogância. Ter um segurança, sem educação nenhuma, a gritar-te e depois ameaçar o teu marido e chamar-lhe maricas, não é muito agradável, sobretudo depois de teres pago muitos USD para entrar naquele sítio...

Preços nunca incluem impostos. É uma chatice mas acontece porque os impostos variam de estado para estado, e dentro do mesmo estado, de distrito para distrito. É preciso ter isto em consideração antes de escolher um sítio para comer.

Gorjetas. Uhhhhmmmm meus caros, existem para tudo. E se há locais que te sugerem o que dar, outros põem logo na conta. Contudo, quando não está incluído na conta, certifiquem-se que deixam pelo menos 15%, o que não os vai deixar contentes mas pelo menos não vos vão empurrar porta fora.

Brasileiros que não percebem Português. Meus caros, eu não tenho nada contra o Brasil, muito pelo contrário, mudava-me para lá amanhã e se fosse para o Rio, ia já hoje. Mas não consigo suportar que não entendam uma palavra do que nós dizemos. A cidade está cheia deles... Eu estive no México e todos os Mexicanos entendiam os Espanhóis que por lá andavam. Por isso não me venham dizer que é diferente. Quanto a mim, as companhias aéreas deviam aumentar o preço dos bilhetes do Brasil para NY para ver se limitavam o número destes brasileiros a ir para lá...

Julgo que aqui fica um bom resumo. Bom, mas nada melhor como irem lá para encontrarem vocês mesmos os vossos prós e contras!

Se precisarem de ajuda, por aqui estarei em breve com um projecto novo que será brevemente divulgado pelo meu parvo preferido :)

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