terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Até sempre meu velhote

Sentado na colina, olhando para o mar, o sol bate-me na cara,  o vento agita-me as ideias e lágrimas são derramadas…Penso em tudo, reflicto sobre a vida, mas após algum tempo de indecisão finalmente encontro a coragem necessária e decido  escrever aquilo que não consegui escrever quando partiste. Na altura faltavam-me as palavras, a cabeça confundia-se e um vazio enorme apoderava-se de mim. Angustia e ansiedade diziam alguns, mas para mim a resposta era mais simples e resumia-se a uma outras duas palavras, falta e medo…falta de um bocado de mim e medo de não ser forte o suficiente.

Hoje penso de outra maneira, não porque sinta menos a  tua falta ou porque tenha menos medo que na altura, mas porque de forma mais calma pensei e sei que estejas onde estiveres nunca me vais deixar ,vais sempre olhar por mim e que deste o teu melhor para me criar para ser forte e não ter medo, para ser a tua imagem, para mostrar uma força e uma coragem tremenda nestas situações.

Os dias passam e além destes outros sentimentos se alteram, a sensação de que tudo parecia mentira vai desaparecendo, mas outros coisas parecem não querer mudar…Saudades, arrependimentos, vontade de voltar atrás no tempo para retirar umas palavras não pensadas ou uma atitude mais irreflectida que te possa ter magoado, mas todos sabemos que isso não vai acontecer. Portanto só me resta esperar que perdoes todos os erros e falhas que tive, que apesar de ser como tu e nunca ter sido muito bom a expressar os meus sentimentos que saibas que sempre te amei, admirei e idolatrei, que posso não fazer muito mais na minha vida, mas que tudo o que faça vai ser para tentar honrar a tua memória e para teres muito orgulho em mim e claro…que vou cumprir todas as ultimas promessas que te fiz, por mais difícil que seja e por muito que tenha que por de parte o meu orgulho…

Alguém me disse há uns dias “Se eu achasse que as flores tinham importância, então em função da minha amizade e estima pelo Carlos tinha que comprar um ramo bem grande”, se assim fosse então não podias ter recebido flores de ninguém, porque eu tinha que juntar todas as flores do mundo para mostrar o meu amor, carinho, amizade e para te agradecer por tudo o que fizeste por mim.
Saudades…Vou ter sempre saudades tuas, de ir ver o nosso Sporting em família, de refilar contigo por conduzires tanto tempo na faixa da esquerda da auto-estrada, de te ver irritado por eu brincar com tudo e não levar nada a sério, de te ouvir utilizar expressões como “conversa de ervanária” ou “quem melhor fizer cama melhor se deita nela”, dos teus momentos engraçados como “Esta manteiga é diferente”, de criticares a minha maneira de jogar à sueca, de gozar contigo por dizeres que “todos” eram teus amigos e  de muitas outras coisas.

As palavras começam a fugir-me da cabeça e pouco mais consigo dizer, sei que é pouco para o que merecias, mas dei o que podia…

Obrigado meu velhote, meu gordo, meu PAI por teres feito de mim o que sou hoje :). Descansa em paz e de consciência tranquila, porque é isso que mereces…porque apesar dos erros que a vida te fez cometer, nunca desejaste o mal a ninguém, muito pelo contrário e  sempre foste um grande Homem!


Queria deixar uma última palavra para as pessoas que me têm apoiado nos últimos dias, obrigado pelas centenas de mensagens e telefonemas, pelas centenas de pessoas que estiveram presentes para uma ultima homenagem, só mostra como o meu pai era uma pessoa querida e amiga do seu amigo, isto tudo foi algo que me preencheu uma parte do coração e tornou o vazio mais pequeno. Obrigado a toda a família e amigos, ou melhor, obrigado a toda a família e a toda a família que eu escolhi pela continua preocupação comigo e obrigado à família que construí em Sines por estarem a ajudar muito ao meu regresso à “vida normal”.

Até Sempre Nabiço

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Talvez um dia...

Talvez um dia tudo acabe em lágrimas

Talvez um dia tudo termine mal e fiquemos chateados

Talvez um dia iremos dizer que estragamos tudo

Talvez um dia iremos dizer que éramos demasiado amigos para ter tentado

Talvez um dia percebamos que foi um erro

Talvez um dia percebamos que falhamos


Mas talvez é uma palavra demasiado incerta para não tentar, para não ser feliz e para fazer-nos perder tempo

Mas talvez é como a história do meio cheio ou meio vazio

Mas talvez a nossa longa amizade seja o principio e não o fim de algo mais

Mas talvez seja o inicio de um novo capitulo do nosso livro, da nossa história

E escuta…mais vale arriscar num talvez e fazer asneira, do que não fazer nada,  ver a vida a passar por nós e mais tarde pensar…devíamos  ter tentado!


Então fica a pergunta…Vamos tentar? Talvez...

Expensive soul - Cupido